Houve um tempo em
que tinha tanta fartura de peixe nos rios e tributários da bacia hidrográfica
de Rondônia — que se capturava peixe com as mãos, com ajuda da camisa e até com
o próprio chapéu — que foi necessário o Governo do Território Federal criar um Programa
de Tecnologia do Pescado, através da então ASTER-RO, hoje EMATER-RO, para geração
de tecnologia apropriada e difusão desta
para beneficiar parte da produção de pescado, ao longo das comunidades
tradicionais ribeirinhas dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé.
COM O ADVENTO DA CRIAÇÃO
Com o advento
da criação do Novo Estado, o Governo de Rondônia implementou um
Programa de Governo – o PROTA – Programa de Tecnologia Apropriada, sob a coordenação da então Secretaria de
Planejamento e Coordenação Geral – SEPLAN, em Convênio de Cooperação Técnica
com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq,
através de Bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial - DTI, para que
as populações ribeirinhas tradicionais fossem capacitadas em tecnologia do
pescado.
TECNOLOGIA ADAPTADA
Para que uma
tecnologia adaptada as peculiaridades regionais fossem difundidas, a ASTER-RO
nos possibilitou a realização de um Curso de Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado
(Lato sensu) nos idos de 1979, coordenado pela Organização das Nações Unidades
para Alimentação e Agricultura - FAO, em parceria com a Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE) e Ministério
da Agricultura e Reforma Agrária (MARA), atendendo as necessidade do então
Território Federal de Rondônia e, daí, teve início a execução de um Programa de
Extensão Pesqueira, (PESCART), em Convênio de Cooperação Técnica com a então
SUDEPE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (extinta em 1989), para
ser implementado primeiros
trabalhos de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, em nível de
comunidades tradicionais ribeirinhas para difusão de tecnologia do pescado, em
níveis de comunidades pesqueira artesanais, nas calhas dos rios Madeira, Mamoré
e Guaporé.
TECNOLOGIA MODERNA
Através de tecnologia moderna e
eficiente, preconizada pela FAO e
ajustada as peculiaridades do estado de Rondônia, os pescadores artesanais do
então Território Federal de Rondônia
passaram a ser capacitados em tecnologia do pescado, com uma gama de tecnologia
pesqueira e gerencial nesta área para beneficiar e conservar a produção de
pecado e, assim, passar a ter alimento suficiente para manter o sustento de
suas famílias.
ASTER-RO, HOJE, EMATER-RO
A então ASTER-RO, hoje
EMATER-RO, montou uma infraestrutura organizacional e o Projeto do PESCART foi
implementado em Rondônia, uma vez que os estoques pesqueiros de nossos rios
eram piscosos e abundantes e na época as estatísticas pesqueiras nos controles
de desembarques de pescado registravam safras anais otimistas, variando de
4.500 a 5.000 toneladas produção de pescado/ano safras estas, bastante
expressivas.
CENSO E CONSUMO DE PESCADO
Para o censo populacional e de consumo per capita
de pescado anual era uma com um volume
de pescado com excesso de produção e todas as comunidades ribeirinhas não
dispunham de infraestrutura física para produção do insumo gelo e de “know-how”
tecnológico suficiente para conservar e beneficiar o pescado capturado e o excedente de suas
capturas.
ANTES DA PISCICULTURA
Temos que considerar
que naquela época ainda não se falava em piscicultura
em Rondônia e quando
ousávamos em falar sobre este tema, em reunião, em seminários e em outros
eventos do gênero era quase sempre motivos de gozação e de boas gargalhadas.
PRODUÇÃO ANIMAL E PISCICULTURA
De acordo com o cronograma e as
metas programadas pela Gerência de Produção Animal e Piscicultura da ASTER-RO,
na qual tivemos a felicidade de fazer parte por longos anos, várias Comunidades
Pesqueiras Ribeirinhas do rio Madeira foram dotadas de infraestrutura física:
Unidades Produtivas Comunitárias para Conservação do Pescado, composta com os
seguintes instrumentos tecnológicos, tais como:1) Salgadeira Artesanal
Comunitária, dotada com energia elétrica, água encanada; 2) Tanques-de-Cura, em madeira e em
material plástico, para 1.000 kg de
pescado; 3) Secador Solar; 4) Estendais para Secagem
do Pescado; 5) Defumador de Alvenaria Indireto e Defumador Metálico Indireto,
nas comunidade de Jatuarana, próximo a Comunidade da Cachoeira do Teotônio
(hoje, extinta com a Barragem de Santo Antônio), Comunidade Pesqueira do Lago
do Cuniã (hoje, Reserva Extrativista do Lago do Cuniã); Comunidade de São
Carlos (hoje Distrito de São Carlos) e Distrito de Calama, todos no município
de Porto Velho.
O TEMPO PASSOU
O tempo passou, a pesca predatória
assumiu as capturas nos rios de Rondônia e contribuiu para dizimou os estoques
pesqueiros “transeuntes” (estes estoques estão sempre percorrendo as águas no rio
Madeira, sempre contra as correntezas), culminando com a construção das
hidrelétricas de Santo Antônio e de Jirau, no leito do rio Madeira, coincidindo
com a extinção dos estoques pesqueiros e, ao mesmo tempo, que contribuíram com
a extinção da pesca artesanal na região, com os grandes impactos e aumento da
área alagada — não porque dizimaram os cardumes e, sim, por dificultar a
realização da migração para alimentação e defesa — uma vez que os cardumes que
faziam o percurso no trecho do maior afluente do rio Amazonas, de sua margem
direita, sofreram obstáculos por serem espécies migradoras e anádromas, que
migram sempre contra as correntezas, utilizando as águas como verdadeiras passarelas.
ESPÉCIES MIGRADORAS ANÁDROMAS
Estes cardumes de espécies migradoras anádromas (são espécies de peixes
anádromas – que sempre se deslocam contra as correntezas e nunca são
catádromas, a favor das correntezas), em cumprimento ao instinto biológico migratório
em busca de alimentação, defesa e não para reprodução, como insistem em falar
erroneamente os pseudos pesquisadores da ictiofauna da bacia amazônica.
Estas espécies não foram dizimadas,
não estão mais migrando em níveis anteriores
e surge a falsa impressão de que a pesca artesanal está em franca extinção — porque
as obras das hidrelétricas foram as responsáveis diretas pela extinção dos
estoques pesqueiros e deixaram as populações ribeirinhas sem o alimento básico para o sustento de suas famílias.
ESCLARECIMENTO DE CUNHO CIENTÍFICO
Aqui, vale um esclarecimento de cunho
científico e, um tanto quanto polêmico, e, neste sentido, necessita de
aprofundamento científico, através de pesquisas mais detalhadas para se ter a
devida constatação científica destas evidências que iremos revelar: as espécies
da ictiofauna que migram utilizando o rio Madeira como uma verdadeira passarela não realizam a migração trófica para
a reprodução e se constitui em uma verdadeira falácia se afirmar que os
cardumes que migram nas águas do rio Madeira estão se preparando para
realizarem a migração reprodutiva nas áreas encachoeiradas.
NÃO É JUSTO SE AFIRMAR
Na verdade não é justo se afirmar
que os estoques pesqueiros foram dizimados, porque estes densos cardumes de
peixes então existentes em épocas passadas não eram residentes na bacia do rio
Madeira e, sim, estes estavam se deslocando provenientes do estado do Amazonas,
migrando rio a cima, e por onde passavam
encontravam as bocas livres dos igarapés e de tributários do rio
Amazonas e rio Madeira, no trajeto da viagem entre estas águas.
Quando estes densos cardumes entravam
e permaneciam por um período necessário suficiente para realizarem a desova e,
depois, estes saiam destes berçários-criadouros, locais de desovas — deixando suas proles nas
águas destes tributais e que serviram para praticar suas desovas, quando os
reprodutores, após realizarem a desova, retornavam à bacia principal do rio
Madeira e seguiam as suas trajetórias naturais, se defendendo de ataques de
outros cardumes de espécies carnívoras, especialmente dos bagres, espécies como
a piraíba (Brachyplathystoma filamentosum);
dourada (Brachyplatystoma flavicans);
a pirarara (Phractocephalus
hemioliopterus); o jaú (Zungaro
zungaro), o surubim (Sorubimichtthys
planiceps), dentre outros.
DECLÍNIO POPULACIONAL DOS ESTOQUES PESQUEIROS
Com o declínio populacional dos
estoques pesqueiros, nos últimos 25 anos, a pesca artesanal extrativa foi
reduzida, a níveis drásticos, com um abrupto impacto do ponto de vista econômico
para o estado, e, paradoxalmente, ao mesmo tempo, com a surpreendente “boom”
produtivo da piscicultura, em nível nacional, nos últimos anos ao atingir o
topo do ranking nacional, com uma invejável produção de 100.000 toneladas de
pescado, safra 2016/2017, de acordo com projeções do Governo do estado de
Rondônia, chegando a ocupar o primeiro lugar a nível de pescado, em nível
nacional.
COM O PASSAR DO TEMPO
Hoje, com o passar do tempo, o
potencial aquícola que falávamos que Rondônia era possuidor seguiu
rigorosamente os indicadores da inclinação à piscicultura e, assim, o estado de
Rondônia vem superando todas as adversidades e dificuldades econômicas e
políticas e vem se confirmando com o maior polo produtor e exportador de pescado
do Brasil contando com o apoio incondicional do Governo do estado de Rondônia,
através da EMATER-RO, SEDAM, IDARON e
SEAGRI-RO, em parceria com as prefeituras municipais, setor privado, com a
obstinação e a força de vontade dos produtores rurais, piscicultores e
empresários.
VERTICALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PESCADO
Agora, além da necessidade de
verticalização da produção de pescado no estado de Rondônia, para aumentar a
geração de emprego e renda, escoar o excesso de produção, agregar valor ao
produto, através de tecnologia do pescado nos padrões preconizados por Códigos
de Conservação do Pescado da FAO, com sistemas de beneficiamento de pescado:
com a utilização de Salga Seca, Salga Mista e Salga Úmida, ainda, dispomos do
Processo de Defumação do Pescado, semi-conservas e embutidos.
No limiar de um novo tempo, o estado
de Rondônia tem a obrigação moral de retroceder à história e implementar um
trabalho intensivo de difusão de tecnologia do pescado, em níveis de
propriedades rurais e de Associações de Produtores Rurais e de Cooperativas,
ligadas direta e indiretamente ao pescado — para difusão de tecnologia do
pescado e, assim, agregar valor ao pescado e
oferecer ao produtor-piscicultor um incremento das receitas líquidas e,
ao consumidor final, alternativa de um produto saudável, beneficiado e
facilitar a vida da culinária regional à base de pescado.
Estou com um Programa de Governo, no âmbito da
QUALIFICAÇÃO EM TECNOLOGIA DO PESCADO – capaz de dotar o setor aquícola com
tecnologia do pescado, nos aspectos de beneficiamento, filetagem, higiene,
acondicionamento, conservação, secagem e defumação do pescado — pronto e apto
para equacionar os graves problemas da produção de pescado do estado de
Rondônia para ser implementado na próxima administração.
Este Projeto-Solução não pode ser agora
apresentado ao Governador Confúcio Moura a fim de se evitar que seja implementado de
forma equivocada por profissionais sem qualificação específica para tal e
aumentar o número de profissionais no exercício ilegal da profissão no estado
de Rondônia que, neste atual momento, o estado vem batendo todos os recordes dentre
todas as demais profissões.
Estarei pessoalmente nestes próximos dias em Rondônia, e estaremos
acionando o apoio da Associação dos Engenheiros de Pesca do Estado de Rondônia
- AEP-RO, do qual sou sócio, e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia -
CREA-RO, entidade que congrega os profissionais Engenheiros de Pesca e com
apoio de entidades estaduais e Federais, com Ministério Público Estadual (MPE),
Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal, estaremos fazendo uma
varredura para identificar e retirar do mercado um número significante de
profissionais de outras categoriais, sem a habilitação para exercer o cargo de Engenheiro
de Pesca, e até outros fantasmas, sem formação superior, estão exercendo a função
de Engenheiros de Pesca no estado de Rondônia.
Quero aqui, neste espaço, aproveitar esta oportunidade para
parabenizar o Governador Confúcio Moura
por significativos avanços, apesar dos tropeços na área da piscicultura e, ao
mesmo tempo, fazer um desabafo e aproveitar para informar aos nossos amigos leitores e seguidos
das redes sociais, por onde escreve e fala, que após o término desta atual administração
estadual — que desejamos que termine sem maiores problemas — estaremos de retorno as nossas atividades ao estado
de Rondônia para atuar onde sempre estivemos, no âmbito da pesca e da
aquicultura, e brigar para que os profissionais com formação específica em
Engenharia de Pesca passem a atuar e a exercer com dignidade suas respectivas
atividades e contribuir para DETETIZAR e EXPURGAR de Rondônia uma leva de
ROEDORES – que hoje se locupletam com as atividades da pesca e da piscicultura,
sem o mínimo conhecimento técnico e com improvisações que não funcionam e não
levam a nada, com salários não merecidos e exorbitantes — sugando as tetas do
estado, com a proteção do padrinho Confúcio.
Por sugestões de amigos, não
estaremos nesta oportunidade nominando a relação dos RATOS E RATASANAS que
estão se locupletando nas tetas do estado e praticando o exercício ilegal da
profissão, exercendo a função de
Engenheiro de Pesca, sem a devida em
detrimento de tantos profissionais graduados em Engenharia de Pesca, através da UNIR e de outras entidades de
ensino no país, que estão desempregados ou subempregados.
Não há mal que perdure e nem pedra
dura que a água não consiga diluir.
Vejamos, com o passar do tempo!
CURIOSIDADE 1.
SOBRE OS CARDUMES DE PEIXES
NO RIO MADEIRA
A maioria dos profissionais da
impressa – da mídia falada, escrita e televisada, costuma errar sempre que se
refere a migração de peixes no rio Madeira, inclusive profissionais que militam
na piscicultura, com as facilidades que todos têm, por enquanto, em desenvolver o exercício profissional ilegal
sem profissão: os peixes que migram no rio Madeira são espécies de peixes
reofílicas (peixes de escama, a exemplo da curimatã, jaraqui, jatuarana,
branquinha e outros) e anádramas (peixes
que nadam contra as correntezas). Todos os peixes que migram no rio Madeira não
praticam a migração para desovar e, sim, para se defender de outros cardumes e
para se alimentar.
CURIOSIDADE 2.
SOBRE A PESCA DO RIO MADEIRA
Uma das espécies de peixe que tem
sido explorada comercialmente, ao longo dos anos na pesca extrativa do rio
Madeira (em extinção) é a espécie PIRAÍBA (Brachyplathystoma
filamentosum), considerado o maior peixe de couro dos rios do Brasil — que
chega a medir até 2,5 e a pesar 300 kg.
PIRAÍBA (Brachyplathystoma filamentosum).
CURIOSIDADE 3.
SOBRE A PESCA NA AMÉRICA DO
NORTE
Alligator gar (Alligator Gar Feeding) é o maior peixe de água doce na
América do Norte e pode ser tão longo quanto 8 a 10 pés. Estes peixes enormes
podem sobreviver fora da água por 2 horas.
Alligator Gar Feeding
Antônio de Almeida Sobrinho escreve
semanalmente nos
seguintes Portais e redes sociais:
BLOGSPOT ESPINHA NA GARGANTA
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