quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

PISCICULTURA FAMILIAR: APRENDA A CRIAR PEIXE


       Antônio de Almeida Sobinho

█ Não conhecemos nenhum pequeno e médio produtor rural no estado de Rondônia que não tenham interesse em desenvolver a piscicultura, no formato familiar, comunitário e/ou com fins econômicos, tendo sempre como fatores limitantes a ausência do Governo para lhe prestar um serviço de assistência técnica de qualidade — que lhe oportunize a ensinar os primeiros passos e o bombardeio com o excesso de programas assistencialistas, paternalistas, um misto entre políticas públicas e engodo político, com objetivos eleitoreiros, com doações de gêneros alimentícios e de uma infinidade de benefícios sociais que até temos dificuldades em relacioná-los.
█ Se você tem uma pequena propriedade ou mesmo uma CHÁCARA onde reúne a família e convidados, principalmente nos finais de semanas e feriados, estamos lhe oferecendo uma ótima oportunidade para começar uma piscicultura familiar — quando você poderá produzir peixes para o consumo familiar e até oferecer para os amigos e convidados — e até comercializar o excedente. Eu tenho certeza de que você só tem a ganhar.
█ Você pode começar, hoje mesmo, uma piscicultura familiar no fundo de sua CHÁCARA, com um ou mais viveiros, no formato de uma piscina natural ou com viveiro escavado, no local apropriado, com as dimensões desejadas e possíveis e a espécie que você irá criar será discutido, posteriormente, em conformidade com os objetivos que você planejar.
█ Neste feriado, dia do aniversário de Porto Velho, estivemos visitando a Chácara do Dr. Samuel Cartiel, em companhia do meu amigo Lito Casara e do seu inseparável Bandolim, sempre muito afinado, onde se ouviu dezenas de chorinhos, imortais, passando por Cartola, Jacob do Bandolim, até chegar ao Chico Buarque, dentre outros, complementando com o Sax do anfitrião, que não queria parar de tocar.
█ Aqui, neste espaço, quero agradecer de público pela recepção que tivemos na pessoa do Dr. Samuel Cartiel e de sua família, quando entre um choro e outro o assunto da ‘piscicultura familiar’ fluiu e foi muito debatido e discutido — quanto à sua viabilidade em se desenvolver pequenos e médios projetos de criação de peixes, em níveis de Chácaras e em níveis econômicos, e inclusive a implantação de Unidades de Observação de Criação do Camarão do Pacífico, aqui em Rondônia. O Dr. Samuel Cartiel está consultando a sua base familiar e tudo indica que iremos produzir mais peixes aqui em Porto Velho.
█ Eu acredito na piscicultura familiar como forma de produção de alimento para atender as necessidades de alimentação da família e, ao mesmo tempo, como mecanismo de aumento da renda familiar, com a comercialização do excedente de sua produção.
█ A piscicultura familiar tem, antes de tudo, uma justificativa de produção sustentável, no ponto de vista ecológico-ambiental; rentável, no que tange à componente econômica; e justo, quando se refere ao aspecto social, além de ser um alimento saudável, de primeira qualidade, indispensável na dieta alimentar do ser humano, por conter os principais aminoácidos essenciais, o ômega 3 e o ômega 9, que fazem a regeneração de neurônios e de trazer outros benefícios à saúde humana, produzido a um custo muito barato, quando “você aprende a criar peixe criando” e, ao mesmo tempo, ter a oportunidade em adquirir as técnicas de recria e de engorda de um pescado produzido, no formato de pesquisa, e lhe oferecer, ao mesmo tempo, lazer e terapia ocupacional.
█ O prezado leitor pode tomar como referencial a nossa simulação de um viveiro escavado em terra firme, com as dimensões de 20 metros x 40 metros, no total de 800 m², com uma profundidade média de 1,90 m — quando você poderá estocar até um (1) alevino de tambaqui em cada metro quadrado de água.  Neste caso, com 800 peixes, alimentados corretamente, com as condições ambientais e físico-químicas, em conformidade com as recomendações técnicas orientadas, a sua produção será em torno de 1.600 kg, no período de 10 meses de cultivo.
█ Para que você obtenha sucesso com a atividade da piscicultura torna-se necessário se começar CERTO e fazer tudo CERTO. A piscicultura tem uma fórmula óbvia e não se deve insistir em contrariá-la, porque os prejuízos serão inevitáveis.
A + C = SUCESSO                A + D = FRACASSO                 B + C = FRACASSO
B + D = FRACASSO             C + A = SUCESSO                    D + A = FRACASSO
A= COMEÇAR CERTO  B= COMEÇAR ERRADO  C= FAZER CERTO D = FAZER ERRADO

PENSAMENTO DA SEMANA
O certo seria que nenhum brasileiro se submetesse a tamanha submissão em receber a famigerada esmola do Governo, que não passa de uma deslavada cara de pau e de um disfarce de compra de votos. (Antônio de Almeida Sobrinho, em entrevista recente).
Tenham uma boa leitura e uma ótima reflexão.
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Antônio de Almeida Sobrinho graduado em Engenharia de Pesca, Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira; Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (FAO/UFRPE); Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente; Conselheiro Administrativo do Sistema OCB/SESCOOP, 2013/2017.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

PEIXE E CAMARÃO NA AMAZÔNIA: POVO COM FARTURA

                                                                                              
█ A piscicultura se pode definir como sendo a ciência que oportuniza a produção racional de peixes em quaisquer fases de desenvolvimento e considerada no Brasil como uma atividade econômica, com rápido crescimento, com grande potencial e de suma importância para atender as necessidades básicas alimentares da população.
█Quanto ao surgimento dacriação de peixes no Brasil surgiu por volta de 1912, tendo como precursor o naturalista Rodolpho von Ihering que afirmara: “[...] que deveríamos criar peixes com a mesma facilidade que criamos galinhas”, completa a publicação da Itaipu Binacional, 1990).    
█  Documentos históricos dão conta de que os egípcios foram os primeiros povos a criarem peixes em currais ou cercas de madeira, a cerca de 4.000 a.C. e, depois foram os romanos, nos mesmos moldes.  Segundo Castagnolli (1969), a criação de peixes em tanques-rede teve início no delta do rio Mekong, na Ásia, por volta dos anos 50, nos moldes artesanais e familiares, tendo o Japão feito as primeiras pesquisas com objetivos econômicos por volta de 1961, com espécies marinhas, e em 1963, foram instalados os primeiros tanques-rede nos lagos Suwa e Kazumigaura, com a criação da carpa comum, com uma produtividade de 40 kg/m³.
█ O Brasil foi privilegiado pela natureza em seu potencial aquícola, a exemplo da bacia amazônica, apta para o desenvolvimento da piscicultura, em terra firme e em tanques-rede, complementada com os grandes reservatórios, cujas áreas alagadas são superiores a 5 milhões de hectares e é o país que apresenta o maior potencial para a produção de peixes de água doce em tanques-rede.
█ A Região Norte do Brasil, especialmente, os estados do Amazonas e o de Rondônia vêm sendo inibidos para a criação de peixes em tanques-rede, através de políticas preservacionistas radicais, sem nenhuma fundamentação científica, por desconhecimento de elementos que poderiam estimular a produção sustentável de peixes em tanques-rede, no formato comunitário e atender as necessidades básicas da demanda de proteína da população que tem o pescado como alimento básico em sua dieta alimentar.
█  Do ponto de vista econômico, não se pode admitir que o abastecimento de pescado do estado do Amazonas, detentor da maior bacia hidrográfica do mundo, dependa da produção de pescado do estado de Rondônia, tudo isto por falta de determinação do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, conjugado com a ausência de planejamento e de diretrizes do Governo Estadual, que tem justificado através de cabeças de bagre o risco da quebra da sustentabilidade ambiental dos estoques pesqueiros da Região.
█ Enquanto isto, a população do estado do Amazonas, tradicionalmente a maior consumidora de pescado do Brasil, se ressente deste produto e a população de Rondônia paga o ônus em ter que consumir uma pequena fatia do bolo da produção de pescado, hoje, com uma produção estimada em 50 mil/toneladas, na safra de 2012/2013, quando se sabe que em torno de 90% desta produção de pescado está sendo absorvida pelo mercado consumidor da cidade de Manaus, capital do Amazonas, enquanto a população de Rondônia tem que se contentar com apenas 10% de sua produção de pescado, implicando diretamente no aumento do preço para o consumidor, obedecendo, obviamente, as leis da oferta e da procura.
█ E por falar em potencial aquícola, estudos realizados para formatação de tese de mestrado sobre tanques-rede, junto à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, em 2006, constatou-se que só o reservatório da UHE Samuel, no município de Candeias do Jamari, tem capacidade para produzir até dez (10) mil toneladas de pescado, a cada doze meses de cultivo, semi-intensivo e intensivo, em tanques-rede, amparado pelo Decreto Nº. 4.895, de 25 de novembro de 2003.
█  O estado de Rondônia tem um significativo potencial de água e uma verdadeira malha de rios e igarapés, aptos para serem utilizados para criação de peixes, tanto na piscicultura semi-intensiva e intensiva, em terra firme e em tanques-rede. Pode-se fazer uma projeção que só em criação de peixes em tanques-rede, de acordo com a legislação ambiental vigente, Rondônia tem capacidade de se tornar no maior produtor de pescado do Brasil.
█  Para tanto, é necessário, apenas, se utilizar racionalmente, de parte de seu potencial aquícola para se transformar num grande pólo de produção e exportador de pescado. O nosso propósito e o objetivo de todo este nosso trabalho, eu não tenho nenhuma dúvida, de que iremos, aos poucos, superando os obstáculos e transformando as adversidades em parcerias e, assim, iremos retirando as pedras nos caminhos da pesca artesanal e da piscicultura, em verdadeiras alavancas para somarmos esforços e promovermos o desenvolvimento e a consolidação destes setores produtivos do estado de Rondônia.
█ Se o prezado leitor nos perguntar como se pode avaliar se um projeto em tanques-rede é ou não sustentável o que deveríamos responder?
RESPOSTA; Para que um projeto se torne sustentável será necessário se conhecer sua viabilidade econômica, quando os indicadores econômicos se distanciam da unidade (1). No caso específico do Projeto Técnico-Econômico UPCTR, que foi operacionalizado no rio Candeias, município de Candeias do Jamari, com recursos de compensação ambiental por parte da Eletronorte, estes indicadores mostraram que a razão benefício/custo atingiu R(i) = 2,5 bem distante para a direita da unidade. Com este resultado, pode-se concluir que a atividade da piscicultura semi-intensiva e intensiva em tanques-rede é um bom negócio, isto é: esta atividade é um negócio sustentável.Ao se analisar um projeto produtivo do porte do UPCTR, observa-se que sempre que as vendas atingem ao patamar de 50% “uma luz se acende” acusando que as despesas e receitas empataram,  isto é: receitas e custo total se igualaram. Neste caso,  acaba-se de encontrar o Ponto de Equilíbrio. Com este resultado, pode-se afirmar que o empreendimento pode ser considerado como um negócio sustentável.
█ Quando se fazem os estudos econômicos, a exemplo do que ocorreu com o Projeto Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede, que foi instalado no rio Candeias, município de Candeias do Jamari, e se encontrou o Ponto de Equilíbrio (PE) do projeto, constatando-se que este foi atingido quando as vendas chegaram a 36%, isto significa dizer que o projeto tem uma folga para o seu gerenciamento e corroborando com a premissa de que economicamente o negócio é sustentável, sendo, portanto, considerado como um bom investimento.
█  Quanto aos resultados de viabilidade social, os números e resultados mostraram que a atividade de criação de peixes de forma comunitária é um método seguro e eficiente de se promover o bem-estar social da comunidade pesqueira. Enquanto programas de políticas públicas levam benefícios sociais ao homem do campo, com dignidade e tecnologia; com justiça social e equidade econômica.
█  Os projetos produtivos incentivados com recursos financeiros provenientes de políticas públicas exigem resultados sociais significativos e estes podem ser quantificados na seguinte ordem: dentre os principais benefícios proporcionados às populações ribeirinhas, pode-se citar: (a) melhoria do padrão social do pescador e de sua família; (ii) produção de pescado para atender as demandas com o alimento básico; (b) segurança alimentar; (c) geração de emprego, com distribuição de renda; (iii) inclusão social, com desenvolvimento econômico e bem estar social de sua família. Desse modo, pode-se constatar que o sistema de peixes em tanques-rede tem viabilidade social, econômica e ambiental e neste enfoque, o projeto tem a contribuir para o desenvolvimento da região. De acordo com os resultados apresentados, pode-se fazer a seguinte pergunta conclusiva: qual a atividade primária que apresenta a razão custo/benefício = 2,5, bem distante da unidade (1)? Isto significa falar que a cada R$ 1,00 que se aplica na atividade se obtém R$ 2,5 de retorno.
█ Na qualidade de Conselheiro Administrativo do SESCOOPR/OCB-RO, período 2013/2017,temos acompanhado o nosso presidente Salatiel Rodrigues de Souza, Presidente do Sistema  OCB/SESCOOP-RO, nos mais recentes FÓRUM’s e Eventos do Cooperativismo, em níveis Estadual, Regionais e Nacional, tanto em diversos municípios do estado de Rondônia — em Porto Velho, Ji-Paraná e Cacoal; em Brasília, quando da realização do Fórum Nacional; do Fórum Regional em Manaus-AM e do Fórum Regional de Rio Branco-AC e, neste último, realizado em outubro de 2013 — quando foram inseridos no Relatório Final as seguintes Propostas, com participação do estado de Rondônia, para serem apreciadas e implementadas pelo SistemaOCB/SESCOPP Nacional:  1. Proposta de Elaboração e de Criação de uma Linha de Qualificação Técnica para a Pesca Artesanal e para a Piscicultura da Região Norte do Brasil; 2. Desburocratização da gestão e operacionalização dos Recursos Financeiros do Plano Safra 2013/2014 do Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA, através da participação doSESCOOP/OCB, em nível de Região Norte do Brasil.
█ Quando aos Projetos do Programa ITACPP, em tramitação no Ministério da Pesca e Aquicultura  estão sendo acompanhados pelo Senador Acir Gurgacz e com  o Deputado Federal Carlos Magno e em nível estadual se articulando com o Secretário da Agricultura Evandro Padovani que está imbuído no firme propósito de implementar todos estes projetos, a curto prazo, atendendo recomendações do Governador Confúcio Moura, o Patrono da Piscicultura no Estado de Rondônia.
█  Fomos questionados por leitores e piscicultores sobre a viabilidade da carcinicultura (cultivo de camarão) no estado de Rondônia e estamos aproveitando este espaço para informar para todos o seguinte: O estado de Rondônia tem um potencial satisfatório e perfeitamente ajustável para a criação de camarão, em sistemas intensivo,  especialmente o da espécie (Litopenaeus vannamei). Este crustáceo  é nativo do Oceano Pacífico e  introduzido na carcinicultura brasileira desde a década de 80 e tem sua produtividade crescente no nordeste, por possuir características de manejo favorável, sendo cultivado em água doce  e ótima aclimatização à diversidade de clima e região.
█ Estaremos no início de fevereiro de 2014, em Porto Velho-RO, ministrando um Curso Básico sobre este camarão do Pacífico para empresários e piscicultores que pretendam diversificar suas produções de pescado. Temos toda a tecnologia, estamos acompanhando no dia-a-dia a implementação, operacionalização e o desenvolvimento do cultivo deste camarão no estado do Ceará onde a minha família vem desenvolvendo, com sucesso,  em sistema intensivo com uma produtividade média de 4 toneladas/ha, a cada 4 meses.
█ Gostaríamos, aqui, nesta oportunidade adiantar um tópico do Curso Básico que deverá ser ministrado no início de fevereiro próximo, na cidade de Porto Velho, quando iremos fazer uma qualificação criteriosa dedicada a empresários/piscicultores que pretendam fazer experimentos com esta nova atividade que não tenho nenhuma dúvida de que todos irão se dar muito bem.  
█ Enquanto a espécie tambaqui explorada comercialmente no estado de Rondônia tem um retorno em torno de 25%, o camarão do Pacífico atinge a 100%. Isto é: para cada R$ 1,00 (um real) aplicado com o cultivo de camarão você terá um retorno de R$ 2,00 (Dois reais), como custo/benefício. Estaremos prestando maiores informações sobre este Curso que deverá ser ministrado no estado de Rondônia, nas próximas edições da Coluna Espinha na Garganta.
█ Um fenômeno curioso vem ocorrendo no estado do Ceará, enquanto a espécie de peixe que mais é explorada, em nível de cultivo é a tilápia tailandesa, se fezfundamentado, principalmente, pelas qualidades biológicas, organolépticas e de adaptabilidade ao cultivo regional, tendo como fatores decisivos o rápido crescimento, rusticidade, resistência a baixos teores de oxigênio dissolvido, qualidade da água  - a altas temperaturas - ao manuseio, resistência a enfermidades, preferência no mercado consumidor e excelente preço.
█ De adaptabilidade comprovada, uma vez que tem nas águas do nordeste do Brasil o seu habitat semelhante ao natural desta espécie, quando chega a uma produção de 1.000 kg de pescado em um tanques-rede de 2,0 metro  x 2,0 metro  x 1,5 metro = 6,0 metros cúbico, por um período de 4 meses de cultivo intensivo, em água de açude, com aeração natural, com uma produtividade em torno de 167 kg de pescado/ por 1,0 m³ de água.
█ Em conformidade com os indicadores técnicos e econômicos revelados por empresários da aquicultura no estado do Ceará, enquanto esta espécie de peixes – tilápia tailandesa — oferece um retorno de 30% para o piscicultor, o cultivo do camarão do Pacífico oferece um retorno de 100%, justificando, portanto, que peixe somente é criado nos açudes públicos e particulares, enquanto o camarão é cultivado indiscriminadamente com a utilização de viveiros escavados e com água bombeada do sub-solo.

         Criação de camarão(Litopenaeus vannameino município de Jaguaruana-CE.

RESGATE DA PISCICULTURA DE RONDÔNIA
Nos idos de 1978, logo quando aqui chegamos para trabalhar junto aos projetos da então ASTER-RO, hoje, EMATER-RO,  começamos a escrever no Jornal ALTO MADEIRA a Coluna semanal PESCA & AQUICULTURA,  por um período de 11 anos, com o objetivo de difundir a tecnologia de piscicultura para incentivar e convencer os colonos assentados no então Território Federal de Rondônia a iniciarem a atividade de criação de peixe, naquela época inexistente na região. Sempre que frequentávamos o Bangalô, principal “point” de atração das noites de Porto Velho, na Rua Pinheiro Machado e, depois se mudou para a Rua Tenreiro Aranha, de propriedade de nosso amigo Macalé, alguns leitores de nossa coluna nos conheciam, outros nos reconhecíamos pela foto, e faziam aquela festa: em tom de brincadeira, de gozação  e chacota,  mas o objetivo mesmo seria o de nos chamar de “abestado”, mesmo, termo cearense utilizado até nossos dias.
Muitos riam e até faziam todo tipo de gozação e falavam que no Ceará não tinha água e um cearense maluco queria fazer graça e ensinar a criar peixe em viveiros onde tinha tanta  fartura de peixe. Temos que admitir que para a realidade da época fosse mesmo um paradoxo. Mas deixa pra lá, não podemos obrigar as pessoas a enxergarem o dia de amanhã. E entre uma dessas gozações e outras, sempre se tomavam mais umas e outras, mais uma saideira, após outras  — e por aí, muitas vezes o dia amanhecia e antes de sermos expulsos pelo novo dia, o Juvenal implorava aos garçons por mais uma dose de Whisky  e este somente era atendido quando o Macalé gritava: “Zeca atenda mais uma dose para o Doutor Juvenal e sirva-o com duas pedras de gelo”.  
E, assim,  assistíamos quase sempre de sexta-feira para sábado, ao nascer do sol,  e era obrigatório para se encerrar nossos trabalhos saborear aquele famoso SANDUBA do Macalé quando ele bradava em alto e bom som, com a voz bem carregada de carioquez:  “ZECA ou  LUCIANO faz bem rápido um SANDUBA na chapa, no capricho, aqui para o homem do peixe”.
Na verdade,  para resumo do papo, o que nossos leitores e amigos riam mesmo era de tanta ingenuidade, na visão deles, se referindo e ironizando à nossa insanidade em querer por de goela abaixo dos colonos e dos produtores rurais nativos da região a criação de peixes em suas propriedades, ao considerar que os cardumes de peixes eram realmente abundantes, impressionantes e que migravam através das águas do rio Madeira, em densos cardumes, se assemelhando a um tapete vivo de peixes fazendo uma dança coreográfica, no formato piramidal e cíclica.
Estas imagens ofereciam uma visão pitoresca e desenvolviam um espetáculo a parte, dignos para ser fotografado pela Revista “National Geographic” e filmagens da TV  Discovery, para serem exibidas em filmes americanos e para publicações de capas de revistas, de catálogos telefônicos e de cartões postais para impressionar ao visitante —  utilizando-se de fotos de milhares de bilhares de exemplares de peixes pulando e outros voando, água a cima, nos obstáculos das águas encrespadas e raivosas da Cachoeira do Teotônio (extinta com a construção da UHE Santo Antônio).
O turista-pescador arriscava à vida enquanto dezenas foram vitimados e serviram de refeições para os candirus famintos e sanguinários do rio Madeira, nas pedras ensaboadas e escorregadias e pescavam exemplares de curimatã, de jaraqui, de branquinha e de tantas outras espécies com o uso de apetrechos de pesca proibidos, a exemplo da tarrafa, de malhadeira, do puçá, com outros recursos artesanais, com chapéu, com a própria camisa e até com as mãos. Dentre os personagens e amigos das gozações podem-se citar: Paulo Queiroz (o jornalista maior - mora no céu); Juvenal Sena de Almeida (mora no céu); Paulo Correia (o PC- meu repórter do Voz da Terra- mora no céu); José Leôncio Melo de Andrade (meu recém concunhado - mora em Brasília);  Genésio Souza Lima Filho (o gordo safado - mora no céu); José Ferreira Sobrinho (mora em Imperatriz-MA); César Mesquita (padrinho de casamento- mora em Fortaleza); Ezequiel da Conceição Lima (padrinho de casamento- mora em Manaus-AM); Maurício Calixto da Cruz (mora em Porto Velho); Lito Casara (o tocador de gaita-mora em Porto Velho); Caté Casara (o cantor- mora em Porto Velho); Chiquito Paiva (mora em Porto Velho); Hugo Mota (mora no céu); Antônio Luiz Ximenes Veras (grande assessor Carrapato – mora em Porto Velho); Jacques Ximenes Veras (mora em Porto Velho); Hugo Rondon (Hugão que me salvou a vida – mora em Porto Velho); Chico Araújo (desafeto ambiental - mora na Paraíba); Sérgio Valente (Colunista social que narrava as fofocas – mora no céu); Dr. Jason (mora em Porto Velho); Dr. José Damasceno (mora em Porto Velho); Rui Mota (mora em Porto Velho); Dr Kinkas (nosso ex-futuro Senador – mora na Paraíba); Chico Laureano (meu querido primo e cantor – mora no céu); Alan Gurgel (mora em Porto Velho); Paulo Benson (mora em Porto Velho); José Maria Ortiz de Carvalho (Jurista e grande intelectual - mora em Porto Velho); Dr. Jacson Abílio (jurista e grande poeta – mora em Porto Velho); Carlos Germano de Melo Pontes (mora em Fortaleza); Antônio Gonçalves Dias (o poeta - A.G.Dias – mora no céu); João Alberto Lima (mora em Porto Velho);  Paulo Jorge (o PJ- meu grande assessor jurídico- mora em Porto Velho) e de tantos outros que não mais então entre nós e de outros que estão por aqui para testemunhar este resgate histórico de tempos imemoráveis e irreversíveis que valem ser lembrados.

CONTRAPONTO
Hoje, o estado do Ceará é o maior produtor de pescado do Brasil, graças à contribuição, a força da tecnologia e ao trabalho do profissional Engenheiro de Pesca, contando com a participação do camarão (Litopenaeus vannamei) com uma participação em torno de 80% do volume do pescado produzido, em nível estadual, enquanto o estado de Rondônia registra uma produção estimada em 50 mil toneladas de pescado ano, safra 2012/2013, com uma projeção para a safra de 2013/2014 superior a 80 mil toneladas, enquanto nossos ribeirinhos estão se alimentando com os peixes criados em viveiros, isto é: da piscicultura que ninguém acreditava.
Não temos nenhuma dúvida, com o sucesso da espécie de camarão que anunciamos: todos irão correr e irá ser uma verdadeira corrida para o cultivo intensivo deste camarão anunciado, pois hoje é uma febre nacional, e dentre de poucos anos, espero está presente para ver a cara daqueles que hoje torcem para que este crustáceo não seja implantado em Rondônia.
   Todos que estão lendo este texto, se Deus quiser, irão estar vivos e irão conferir o que estamos falando: tudo que ocorreu com a piscicultura em Rondônia, em termos de sucesso, irá se repetir e ocorrer com este tipo de camarão que estamos anunciando. Aguardem e todos irão conferir.

Antônio de Almeida Sobrinho
Celular: (69) 8111-9492 e (69) 9919-8610
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Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado pela FAO/UFRPE, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira, Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Conselheiro Administrativo do Sistema SESCOOP/OCB-RO, 2013/2017.