COMERAM OS CAPOTES
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Foto 01: Mini-indústria de beneficiamento de pescado da
Resex do
Lago do Cuniã, sem os devidos ‘capotes’.
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Aconteceu uma vez no ano de 1999, época em que houve uma espécie de revolução na valorização
das populações tradicionais no Brasil, com o CNPT/IBAMA, meu grande amigo EMANUEL
FULTON MADEIRA CASARA, o nosso popular Lito Casara, assumiu a Chefia do CNPT –
Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais, no
Estado de Rondônia, em convênio com o IBAMA/RO e, de imediato, conseguiu montar
uma equipe com profissionais de diversas áreas, uma equipe multidisciplinar,
composta de geógrafo (Lito Casara), engenheiro de pesca (Antônio de Almeida
Sobrinho), Administrador de Empresa (Francisco de Assis Teixeira); antropóloga
(Fabíola Bhorer); ambientalista (Maria de Lourdes e Noberta), tecnólogo
(Cícero, o mão de ferro, etc.
No primeiro momento, o Lito Casara montou
uma equipe para elaborar Projetos e outra para implementar os Projetinhos do Convênio
BRA-95, com recursos financeiros limitados do Ministério do Meio Ambiente – MMA
e PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, não superiores a R$ 12.000,00 (Doze mil reais). Um desses
projetos este articulista elaborou para viabilizar recursos financeiros, na
ordem de R$ 11.200,00 (Onze mil e duzentos reais), para financiar a construção
de uma mini-indústria de beneficiamento de pescado — uma salgadeira comunitária
—, e, assim, atender as necessidades tecnológicas e protéicas dos comunitários
da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, no médio rio Madeira, município de
Porto Velho, Estado de Rondônia.
Os recursos financeiros foram liberados para
a conta do CNPT e a nossa amiga antropóloga FABÍOLA BHORER fora designada pelo
Chefe para fazer as compras, seguindo uma lista do Projetinho que foi elaborado
e as compras foram feitas, até então, segundo a responsável, de acordo com a
lista fornecida e explicitada no mencionado projeto.
Após a conclusão das obras da mini-salgadeira
artesanal, chegou a hora da onça beber água. Como assistente da construção, fiquei
encarregado em fornecer todo o material necessário, em conformidade com a
solicitação do mestre de obra, responsável pela construção, e quando este nos
pediu as telhas e os capotes para cobrir a salgadeira eu tive alguma
dificuldade em atender esta última solicitação.
- As telhas eu
encontrei com facilidade e fizeram a cobertura, em poucos minutos. Com a ajuda
dos demais obreiros, tentou-se encontrar os capotes que até hoje não foram
encontrados, quando uma pergunta óbvia teria que ser feita para a responsável
das compras: - DRA. FABÍOLA BHORER, onde a digníssima senhora Doutora guardou
os capotes para se concluir a cobertura da salgadeira — que já se procurou por
todo este tempo, e em todos os quatro cantos do alojamento e em todos os locais
possíveis e imagináveis, e não se encontrou?
- Ela nos olhou com
um olhar de soslaio e, ao mesmo tempo, com um ar de decepção e de início de uma
grande depressão súbita e com a voz muito embargada, respondeu, quase
balbuciando:
- eu não comprei os capotes porque não tinha no
supermercado. Disseram-me que capote por aqui não existe e que se poderia
comprar apenas nas comunidades ribeirinhas e por um preço bem mais barato. Por
isso, devido à dificuldade e escassez no mercado local, eu comprei todo o
dinheiro referente aos capotes, de frangos congelados. São, pois, estes seis
(6) isopor que vocês estão vendo e mais àqueles frangos que serviram de
refeições destes cinco primeiros dias de trabalhos.
CONCLUSÃO: Todos ficaram a se
olhar, com olhares cruzados, de espanto e de surpresa, com semblantes de início
de um sorriso e de tristeza, mas, mesmo assim, ocorreram muitos risos e
gargalhadas e alguns até foram às lágrimas. A mini-salgadeira foi concluída com
plástico preto, em substituição aos capotes, arranjado pela comunidade, e os “capotes”
que seriam utilizados para concluir a obra foram aproveitados para alimentar os
comunitários da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, que entre a
mini-salgadeira e o estômago, não tiveram dúvidas: aplaudiram e tiveram alimento
diversificado, apesar de não gostarem de frango congelado, mas por este preço, por
um bom período.
Conclusão: Comeram os
capotes da Mini-Salgadeira Artesanal dos Pescadores Artesenais.
HISTÓRIA DA VIDA REAL
NOVINHA INGÊNUA.
Menininha novinha,
chegando do interior, desembarca do ônibus na Rodoviária dos pobres, lá do Antônio
Bezerra.
A esperá-la, a prima
chiquérrima, linda.
Um carro vermelho
desses de cinema, com motorista e tudo.
Abraços de saudade e
de admiração.
Cortam a cidade a
conversar.
Como vai o pai. Cadê
mãe. E os meninos.
Em pouco tempo,
desembarcam na beira mar e em segundos estão no mais belo apartamento de
cobertura da praia.
A menininha não
conteve a curiosidade: mermã, como tu tá bem de vida.
Tudo teu é lindo.
Só coisa cara.
Muié, quem te dá tudo
isto?
A nova grãfina: é um
coroa que conheci e que me ajuda muito.
Mas assim de graça?
Ele não te pede nada
em troca, prima?
Pede sim, pra eu, de
vez em quando, pegar no pênis dele.
E que diabo é pênis,
muéi?.
Já impaciente: é o
mesmo que rôla, mulher, só que é mole ... !!!!!
Autor: Engenheiro de
Pesca, compositor e cantor Carlito Matos.
De Fortaleza, Ceará,
Brasil.
Remetido
exclusivamente para ser publicada nesta Coluna ESPINHA NA GARGANTA.
Tenham uma boa leitura e uma ótima
reflexão.
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Antônio de
Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação (Lato
sensu) em Análise
Ambiental na Amazônia Brasileira, através da UNIR/CREA-RO; Pós-Graduação
em Tecnologia do Pescado (Lato sensu) pela FAO/UFRPE/MARA; e Pós-Graduação (Stricto
sensu) em nível de Mestrado em Desenvolvimento Regional
e Meio Ambiente (UNIR-RO).
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