sábado, 22 de junho de 2013

Explosão das Massas? A gota d'água


    Antônio de Almeida Sobrinho
Antônio de Almeida Sobrinho


 
█ Quando o Chico Buarque escreveu o livro e compôs a música A GOTA D’ÁGUA, em parceria com Paulo Pontes, em 1975, tendo, antes de tudo, a preocupação em retratar uma tragédia humana, focando os conflitos sociais comuns a quase todas as grandes cidades e, em especial, tendo como foco central e pano de fundo os conflitos, as dificuldades e as principais agruras dos moradores do Rio de Janeiro, se preocupou em ajustar uma obra literária grega — adaptada por Oduvaldo Viana Filho —, sobre o mito de Medeia para a televisão.
█ Quando ocorre a certeza do transbordamento da GOTA D’ÁGUA, ao se comprovarque esta mensagem tomou forma e se materializou como um refrão de explosão no inconsciente coletivo da população — e sempre que a intolerância avança o sinal vermelho — a intuição do coletivo e das camadas sociais se revoltam e ocorrem e acontecem tudo que estamos assistindo ao vivo e a cores, através da mídia eletrônica: a explosão popular é quase sempre fruto da insatisfação da população, do inconsciente  coletivo de uma sociedade que não consegue visualizar novos horizontes, a curto e médio prazos, com o desemprego, na ordem do dia, com os baixos salários, com a volta violenta da inflação desenfreada,  com a ausência da qualidade de vida do cidadão, com a péssima qualidade da saúde prestada para sua família, o péssimo serviço prestado na área da educação, da segurança pública, o abusivo preço das passagens dos transportes coletivos, a péssima qualidade dos serviços oferecidos dos transportes urbanos, e com a falta de   seriedade  na gestão dos recursos públicos por parte de nossos governantes.
█ Quando a injustiça atinge o limiar da tolerância, o desabafo surge imediatamente, instintivamente, naturalmente, tanto no lirismo, quanto na fúria, quanto na prosa e o protagonista que quase sempre é o cidadão comum — que é a principal vítima de todo este processo perverso e truculento — está desprovido de alternativas, e, assim, só lhe resta desabafar em forma de protestos e de manifestações, se prestando como uma válvula de escape de uma gigantesca panela de pressão a que está comprimido e, depois,  reagir em conformidade com suas convicções, formação e postura: quando cidadão comum, tal qual mostrado pelos noticiários da mídia eletrônica televisada, com a fúria, aos gritos, aos socos e pontapés ou pacificamente; quando poeta e literário, tal qual desabafou o Chico Buarque:
 
“Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d’água
Pode ser a gota d’água”.

█ Qual a leitura que se pode fazer da frase exibida em uma das faixas de um dos manifestantes, mostrada neste último dia 20 de junho de 2013 pela TV: “Desculpem os transtornos, nós estamos mudando o Brasil.”?
█ Quais as verdadeiras e reais reivindicações dos manifestantes em todas as capitais e cidades do Brasil, com ressonância e solidariedade imediata em grandes centros de países em vários continentes, tendo início por alguns centavos de REAL e em decorrência do reajuste da passagem do ônibus urbano em algumas capitais do Brasil?
█ A verdadeira reivindicação não é simplesmente os centavos a mais ou a menos do irrisório reajuste de poucos centavos de REAL da passagem do ônibus, não.
█ O verdadeiro motivo é identificado como sendo a insatisfação generalizada com a gestão política da classe política dominante e com a politicagem de nossos políticos, com a corrupção desenfreada que não deixa o Brasil se desenvolver; é com o indigesto nó na GARGANTA  e com o grito de insatisfação entalado no GOGÓ com a roubalheira da classe dominante e política, tendo como principal exemplo os R$ 350.000.000,00 (Trezentos e cinquenta milhões de reais) desviados do bolso do trabalhador no esquema do famigerado MENSALÃO; é com o descalabro do montante de recursos públicos empregado para construção de tantos Estádios de Futebol em diversas capitais de estados para o Brasil sediar a Copa do Mundo, que após a realização dos eventos esportivos irão se tornar em verdadeiros elefantes brancos, sem quase nenhuma utilização, em detrimento da saúde pública de sua família, da educação de nossos filhos e netos e da merenda escolar de nossos alunos.
█ A insatisfação toma maior forma quando o usuário trafega por uma rua esburacada e cheia de buracos e crateras e pelos prejuízos que este tem com seu veículo danificado, vitimado pelas Ruas da Beira de todo este País e por tantas outras deste imenso rincão de nossa Amazônia e, de tantos outros que virão.
█ Se não bastasse todo este festival de desmandos, ainda se ter o desprazer em passar sob a construção de viadutos inacabados e ter a certeza da impunidade do administrador irresponsável, corrupto e incompetente; em ter a comprovação e a certeza da impunidade do administrador corrupto que lesa e lapida o patrimônio público e fica impune e ainda ficar rindo da cara do eleitor e de toda a população;
█ Com tudo isto e muito mais, não se tem outra certeza: enquanto a classe alta se torna cada vez mais alta, a classe média baixa, se torna cada vez mais baixa e a classe baixa, baixa, se torna cada vez mais atolada na lama, até o pescoço, sem perspectivas de dias melhores e sem alternativas para sobreviver.
█ É bem verdade que muitos baderneiros e aproveitadores se infiltraram e estão se infiltrando nestas manifestações — se misturando aos insatisfeitos de bons propósitos, de bons costumes e preocupados em construir um Brasil digno, descente e justo — e se aproveitam da frouxidão da repressão policial para fazerem quebra-quebras, badernas, arrombamentos, saques e furtos, mas, em sua essência, o movimento pacifista é saudável e constrói e reconstrói a democracia de uma nação.
  █ Todo povo muito pacífico acaba se tornando colaborador, contribuinte e fortalecendo a corrupção, enquanto a manifestação oportuna e responsável promove o entendimento e o bem estar social da população.
  █ O Planalto finge não entender estas manifestações e se questiona onde foi que errou?
  █ A resposta está implícita e visível aos olhos de todos: têm como uma das causas reais a adoção de políticas públicas equivocadas, paternalista e assistencialista do Governo Federal, com distribuição de cestas básicas e em adotar “N” outros programas sociais e, assim, beneficiar mais de 50% da população brasileira, em detrimento do estímulo à produção, à qualificação profissional, à geração de emprego e renda e esta explosão é o somatórios de erros acumulados e se constituem como verdadeiros canais de escoamento por onde escoa todas as insatisfações e frustrações da população.
  █ Todo sistema de governo que adota políticas públicas assistencialistas e paternalistas, com objetivos eleitoreiros e para se perpetuar no poder, não tem alternativa. Sempre terá um final muito desconfortável e indigesto: povo pobre; população com fome e batendo no prato vazio; massas falidas; população acomodada; baixa produção; baixo PIB; escassez de emprego; baixos salários; baixa arrecadação; inflação desenfreada; corrupção incontrolável e economia estagnada.
 █ Estas manifestações populares que estamos assistindo diariamente estiveram representadas por um contingente de apenas 200.000 pessoas que foram às ruas para se manifestar e protestar por melhorias e mostrar o descontentamento com a condução política de nosso Brasil e pela falta de escrúpulos de nossos governantes, quando se sabe que o descontentamento é geral, é unânime e é de toda a população do Brasil, de todos nós que já somos mais de  200.000.000 de brasileiros.
  █ De duas coisas este movimento e as manifestações da população se prestaram: no primeiro momento, para que o Governo Federal repense e reprograme a adoção de suas políticas públicas; e, em segundo plano, para fazer uma alerta e amedrontar os mensaleiros condenados à prisão pelo STF e que buscam a todo custo, com a criação de mecanismos para cumprirem suas respectivas penas em liberdade.


(69) 8111-9492 e (69) 9270-8610 e (69) 8446-1730 e (690 9220-9736 e (69) 9919-8610
Tenham todos uma ótima semana e um abração.
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca  e Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Membro.