quinta-feira, 7 de julho de 2016

RESGATE HISTÓRICO: COMERAM OS CAPOTES

COMERAM OS CAPOTES


Foto 01: Mini-indústria de beneficiamento de pescado da
                   Resex do Lago do Cuniã, sem os devidos ‘capotes’.
Aconteceu uma vez no ano de 1999, época em que houve uma espécie de revolução na valorização das populações tradicionais no Brasil, com o CNPT/IBAMA, meu grande amigo EMANUEL FULTON MADEIRA CASARA, o nosso popular Lito Casara, assumiu a Chefia do CNPT – Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais, no Estado de Rondônia, em convênio com o IBAMA/RO e, de imediato, conseguiu montar uma equipe com profissionais de diversas áreas, uma equipe multidisciplinar, composta de geógrafo (Lito Casara), engenheiro de pesca (Antônio de Almeida Sobrinho), Administrador de Empresa (Francisco de Assis Teixeira); antropóloga (Fabíola Bhorer); ambientalista (Maria de Lourdes e Noberta), tecnólogo (Cícero, o mão de ferro, etc.
No primeiro momento, o Lito Casara montou uma equipe para elaborar Projetos e outra para implementar os Projetinhos do Convênio BRA-95, com recursos financeiros limitados do Ministério do Meio Ambiente – MMA e PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, não superiores a  R$ 12.000,00 (Doze mil reais). Um desses projetos este articulista elaborou para viabilizar recursos financeiros, na ordem de R$ 11.200,00 (Onze mil e duzentos reais), para financiar a construção de uma mini-indústria de beneficiamento de pescado — uma salgadeira comunitária —, e, assim, atender as necessidades tecnológicas e protéicas dos comunitários da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, no médio rio Madeira, município de Porto Velho, Estado de Rondônia.
Os recursos financeiros foram liberados para a conta do CNPT e a nossa amiga antropóloga FABÍOLA BHORER fora designada pelo Chefe para fazer as compras, seguindo uma lista do Projetinho que foi elaborado e as compras foram feitas, até então, segundo a responsável, de acordo com a lista fornecida e explicitada no mencionado projeto.
Após a conclusão das obras da mini-salgadeira artesanal, chegou a hora da onça beber água. Como assistente da construção, fiquei encarregado em fornecer todo o material necessário, em conformidade com a solicitação do mestre de obra, responsável pela construção, e quando este nos pediu as telhas e os capotes para cobrir a salgadeira eu tive alguma dificuldade em atender esta última solicitação.
- As telhas eu encontrei com facilidade e fizeram a cobertura, em poucos minutos. Com a ajuda dos demais obreiros, tentou-se encontrar os capotes que até hoje não foram encontrados, quando uma pergunta óbvia teria que ser feita para a responsável das compras: - DRA. FABÍOLA BHORER, onde a digníssima senhora Doutora guardou os capotes para se concluir a cobertura da salgadeira — que já se procurou por todo este tempo, e em todos os quatro cantos do alojamento e em todos os locais possíveis e imagináveis, e não se encontrou?
- Ela nos olhou com um olhar de soslaio e, ao mesmo tempo, com um ar de decepção e de início de uma grande depressão súbita e com a voz muito embargada, respondeu, quase balbuciando:
- eu não comprei os capotes porque não tinha no supermercado. Disseram-me que capote por aqui não existe e que se poderia comprar apenas nas comunidades ribeirinhas e por um preço bem mais barato. Por isso, devido à dificuldade e escassez no mercado local, eu comprei todo o dinheiro referente aos capotes, de frangos congelados. São, pois, estes seis (6) isopor que vocês estão vendo e mais àqueles frangos que serviram de refeições destes cinco primeiros dias de trabalhos.
CONCLUSÃO: Todos ficaram a se olhar, com olhares cruzados, de espanto e de surpresa, com semblantes de início de um sorriso e de tristeza, mas, mesmo assim, ocorreram muitos risos e gargalhadas e alguns até foram às lágrimas. A mini-salgadeira foi concluída com plástico preto, em substituição aos capotes, arranjado pela comunidade, e os “capotes” que seriam utilizados para concluir a obra foram aproveitados para alimentar os comunitários da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, que entre a mini-salgadeira e o estômago, não tiveram dúvidas: aplaudiram e tiveram alimento diversificado, apesar de não gostarem de frango congelado, mas por este preço, por um bom período.
Conclusão: Comeram os capotes da Mini-Salgadeira Artesanal dos Pescadores Artesenais.
HISTÓRIA DA VIDA REAL

NOVINHA INGÊNUA.
Menininha novinha, chegando do interior, desembarca do ônibus na Rodoviária dos pobres, lá do Antônio Bezerra.
A esperá-la, a prima chiquérrima, linda.
Um carro vermelho desses de cinema, com motorista e tudo.
Abraços de saudade e de admiração.
Cortam a cidade a conversar.
Como vai o pai. Cadê mãe. E os meninos.
Em pouco tempo, desembarcam na beira mar e em segundos estão no mais belo apartamento de cobertura da praia.
A menininha não conteve a curiosidade: mermã, como tu tá bem de vida.
Tudo teu é lindo.
Só coisa cara.
Muié, quem te dá tudo isto?
A nova grãfina: é um coroa que conheci e que me ajuda muito.
Mas assim de graça?
Ele não te pede nada em troca, prima?
Pede sim, pra eu, de vez em quando, pegar no pênis dele.
E que diabo é pênis, muéi?.
Já impaciente: é o mesmo que rôla, mulher, só que é mole ... !!!!!
Autor: Engenheiro de Pesca, compositor e cantor Carlito Matos.
De Fortaleza, Ceará, Brasil.
Remetido exclusivamente para ser publicada nesta Coluna ESPINHA NA GARGANTA.
                 Tenham uma boa leitura e uma ótima reflexão.
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Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação (Lato sensu) em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira, através da UNIR/CREA-RO; Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (Lato sensu) pela FAO/UFRPE/MARA; e Pós-Graduação (Stricto sensu) em nível de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UNIR-RO). 




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