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Os
primeiros passos da aquicultura na região amazônica sempre foram interpretados
como ato de heroísmo, de determinação e de obstinação de primeiros colonos, de
agricultores, de empresários empreendedores e de profissionais que apostaram em
explorar as potencialidades da região e em utilizar seus conhecimentos para se
dedicar à exploração racional dos recursos naturais renováveis, em caráter
economicamente rentável e compensador, ecologicamente sustentável e socialmente
justo.
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O
precursor da piscicultura no então Território Federal de Rondônia foi o senhor
Francisco Braga de Paiva (falecido), que nos idos de 1970, proveniente do
estado do Ceará, ex-Fuzileiro Naval da Marinha Mercante do Brasil, passou a
residir em Porto Velho — quando preparou um viveiro de barragem em sua
propriedade, com autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral –
DNPM, onde hoje funciona o Centro de Tradição Gaúcha — CTG, na estrada da
Penal, segundo depoimento de familiares, quando este viveiro foi povoado com
exemplares de peixes das espécies jatuarana (Brycon spp.), branquinha (Potamorhina
latior); jaraqui (Semaprochilodus
taeniurus) e curimatã (Prochilodus nigricans), capturados na então cachoeira do Teotônio e
transportados para sua fazenda em caixas
d’água de 1.000 litros, acopladas na carroceria de caminhão Chevrolet.
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Francisco
Braga de Paiva chegou ao então Território Federal do Guaporé no final da 2ª
Guerra Mundial, no ano de 1946, e como um dos maiores latifundiários do então
Território Federal do Guaporé, se tornou
proprietário de vários seringais e da principal indústria de borracha da região
— com uma visão futurista, se tornou o maior produtor de borracha da Amazônica
e deixou a piscicultura em plano secundário, por ausência de alevinos e de
incentivo do Governo.
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O
primeiro aquicultor profissional, com registro junto ao Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF— que tivemos
a oportunidade em conviver e trabalhar
em Rondônia—, foi o então empresário do ramo madeireiro, Sr. Bento da
Mota Braga, hoje com 86 anos, residente em Porto Velho, que deu os primeiros
passos na criação semi-intensiva e intensiva de quelônios, especificamente das
espécies: tartaruga-da-Amazônia (Podocnames expansa, Scheigger,1812) e tracajá
(Podocnamis unifiles, Troschel, 1848), na Fazenda Areia Branca, antiga estrada
da Areia Branca, passando pelo igarapé Bate-estacas, hoje, transformada em área
urbana e em bairro residencial.
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Por
seu pioneirismo e aguçada versatilidade, o filho do cearense, Bento da Mota
Braga, nascido e criado na Boca do Acre – AM e, depois, transferido para o
Território Federal de Rondônia,
residente em Porto Velho, preparou em sua propriedade diversos berçários,
no sistema de viveiro de barragem, na Fazenda de sua propriedade, na Areia
Branca, então área rural do município de Porto Velho, diversos berçários para
criação de quelônios, com tecnologia adquirida em uma bibliografia consultada e
recomendada para este tipo de cultivo, [uma cartilha], no formato de viveiros
de barragens, e passou a receber do Governo do ex-Território Federal de
Rondônia e de entidades do Governo Federal, como o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal – IBDF (extinto) e da Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca – SUDEPE (extinta) orientações e assistência técnica, e
na condição de fiel depositário e de preservador-colaborador, cultivou por
muitos anos exemplares de quelônios que eram apreendidos, chegando, na época, a
formar um plantel de mais de 12.000 exemplares de quelônios, em diversas faixas
etárias, de tamanhos e de pesos, destas espécies mencionadas.
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Conciliando
com o cultivo de quelônios, o empresário Bento da Mota Braga construiu a
jusante de uma nascente de água, com domínio dentro de sua propriedade, dois
viveiros de derivação, abastecidos através de tecnologia se utilizando do
sistema de bombeamento através de “Carneiro Hidráulico”, com duas unidades, sem
custo com energia elétrica para abastecer de água os viveiros, passondo a
receber orientações técnicas de seu grande amigo Aníbal Vítor Lemos, então
Chefe da então SUDEPE, em convênio com o Governo do então Território Federal de
Rondônia, sob a gestão da Secretaria de Estado da Agricultura – SEAG, hoje
SEAGRI-RO, com objetivos de produção de pescado para o consumo familiar. Em
diversas oportunidades a SUDEPE fez doação de exemplares da espécie pirarucu (Arapaima gigas, SHINZ, 1822) e devido à
fragilidade técnica do momento esta atividade se tornou secundária e sem fins
econômicos e empresariais para o empreendedor.
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Um
outro pioneiro no cultivo de peixe na região que tivemos oportunidade em conviver
e trabalhar é o Sr. Antônio Xavier da Silva, hoje com 83 anos, proprietário de
terras na comunidade pesqueira denominada Belmont, às margens do rio Madeira, quando
o igarapé que entra em sua propriedade anualmente era fechado, através de
redes, principalmente após a maior alto do nível das águas.
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Após
o confinamento de um significativo número de exemplares da população natural de
animais aquáticos, dentre estes: peixes, quelônios e répteis ficarem retidos
nesta coleção de água, dentro de sua propriedade, e, sendo mais tarde, no
período de seca, utilizados como o principal alimento familiar e o excedente sendo
disponibilizado para atender as necessidades de moradores do entorno, de
familiares e de amigos, em área contíguas as suas terras. Esta prática, hoje, é
proibida pela legislação pesqueira vigente no país.
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Quando
do início de nossos incipientes trabalhos de desova artificial, nos idos de
1978, recebemos o apoio integral do Sr. Antônio Xavier da Silva que nos
possibilitou fazer diversas capturas de centenas de exemplares da espécie
curimatã (Prochilodus nigricans) e
jaraqui (Semaprochilodus taenipurus)
para extração da hipófise (glândula pituitária) para se preparar um banco de
hormõnios para serem utilizados na realização da desova induzida, em exemplares
da espécie tambaqui (Colossoma
macropomum, Cuvier, 1818), como, também, para que fossem realizadas
capturas de alevinos e de matrizes para se fazer o povoamento de peixes com
espécies regionais em viveiros de barragem na propriedade do Sr. Bento da Mota
Braga, na mencionada área na Areia Branca, uma vez que em Rondônia na existia
alevinos produzidos, em níveis de laboratório e com a tecnologia de reprodução
artificial, conhecida como desova induzida.
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Um
outro aquicultor pioneiro de Rondônia que se deve destacar foi o então empresário
do ramo madeireiro, José Elvan de Freitas Braga, (o popular Braguinha), na
época proprietário da Madeireira Santa Maria, na cidade Ariquemes-RO, filho do
Sr. Bento da Mota Braga, que nos idos de 1984, através do cultivo intensivo da
espécie de camarão gigante da Malásia (Macrobrachium
rosembergii), com a implementação de um Projeto Piloto, utilizando-se de
20.000 post-larvas deste crustáceo, adquiridas da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - PESAGRO, atingindo resultados
satisfatórios.
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Após
a criação do camarão gigante da Malásia, o empresário José Elvan de Freitas
Braga, passou a investir na construção de um Laboratório de Desova, com
recursos próprios, para produção de alevinos de tambaqui e, em 1984, após
dezenas de tentativas frustradas, se conseguiu o primeiro resultado positivo
com a eclosão e sobrevivência de mais de 20.000 alevinos da espécie tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818),
obtendo, assim, uma façanha e passando para a história como o idealizador e
realizador da primeira desova de tambaqui no estado de Rondônia, em nível de
laboratório e de propriedade rural.
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Parte
dos alevinos desta primeira desova exitosa da espécie tambaqui foi doada para o
Governo de Rondônia, na pessoa do Engenheiro Agrônomo Haroldo Augusto Franklin
de Carvalho Santos, ex-Deputado Estadual Haroldo Santos, na época difusor de
tecnologia da SEAGRI-RO, para que este fizesse a distribuição destes alevinos
para diversos municípios, no eixo da BR-364, e, assim, implementasse os
primeiros experimentos de criação de peixes, com a espécie tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818), em
nível de produtor rural no estado de Rondônia.
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SER OU SE
TORNAR PIONEIRO
Ninguém
nasce pioneiro ou se planeja sê-lo. Quando um homem se torna um pioneiro este
feito estava definido em seu DNA, mesmo antes de seu nascimento, e isto ocorre
porque foi realizado um trabalho secreto que ninguém se ousara a descrever ou a
revelar. Um homem preguiçoso jamais se tornará um pioneiro, digno de
reconhecimento e de louvor.
Ser
ou se tronar pioneiro é um estado de espírito e tudo ocorre por determinação de
forças ocultas que poucos têm a capacidade para explicar e convencer.
Tudo
que leva a uma criatura humana a se tornar um pioneiro, um desbravador e a
construir algo que irá beneficiar seus semelhantes tem embutido neste gesto uma
força superior bem suprema que supera a segunda força de se praticar o mal, que
acompanha a essência da criatura humana.
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Antônio de Almeida
Sobrinho é colaborador dos seguintes Portais:
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uma boa leitura e uma ótima reflexão.
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Antônio de
Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em
Tecnologia do Pescado pela FAO/UFRPE, com Pós-Graduação em Análise Ambiental
na Amazônia Brasileira, Mestrado em Desenvolvimento Regional
e Meio Ambiente e Conselheiro Administrativo do Sistema SESCOOP/OCB-RO,
2013/2017.
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