Pertencente à classe dos nematelmintes, a espécime dos acantacéfalos
(ákantha
= espinho + kephalé = cabeça) parasitas “com a extremidade anterior do
corpo
provida de espinhos ou ganchos”.
Não
seria preciso ser nenhum vidente, necessariamente, e, nem tampouco, um mago das
adivinhações para prever que ‘a atividade da aquicultura no estado de Rondônia corre
sérios riscos e ameaças’, a curto e médio prazos, com grandes possibilidades e
com índice de probabilidade considerável para sofrer ataques parasitários e,
consequentemente, ocorrer um “boom” indesejável, por os mais diversos agentes,
dentre estes, parasitas, fungos, vírus e bactérias, capazes de comprometer
sobremaneira uma das mais importantes atividades econômicas do Estado, tendo
como consequência o descaso com à sanidade animal que ameaça comprometer a
produção de pescado no Estado.
Como o estado de Rondônia tem
uma verdadeira inclinação para a piscicultura, com um potencial de recursos
hídricos que formam uma verdadeira malha de rios e igarapés, perfeitamente
ajustáveis à produção de pescado — peixe, camarão e rã —, as demandas por
tecnologia, em todos os níveis da cadeia produtiva da aquicultura aumentaram,
proporcionalmente, e estas necessidades não vem sendo atendidas por parte do
poder público, em especial o Governo de Rondônia, que vem insistentemente
incentivando o desenvolvimento da piscicultura e as prioridades nas áreas de
recursos humanos, financeiros e materiais não tem sido correspondidas de acordo
com as reais necessidades.
A atenção mundial por parte de
pesquisadores e cientistas de todo o mundo se voltam diante do atual quadro da
presença de zoonoses parasitárias, transmitidas através do consumo de pescado
de água salgada e doce, e se tornarem um problema de saúde pública da população
que pode ser infectado com o consumo de pescado cru, como “sushi” e “sashimi”,
reflexo da cozinha oriental, presente em nossos dias.
A presença de parasitas
zoonóticos nos peixes cultivados no Brasil, é uma realidade que não gostaríamos
em explicitar neste material, mas não se pode tentar tapar o sol com uma peneira
e a única alternativa é mostrar a nossa realidade, nua e crua, para que as
autoridades competentes tomem as devidas providências para equacionar o
problema e no estado de Rondônia não poderia ser diferente.
O senhor Manuel Paulo de
Almeida, piscicultor do estado do Amazonas, nos pergunta através de WhatsApp:
1.
Quais
são as principais doenças que podem surgir na piscicultura e quais são as
recomendações técnicas para erradicar o problema?
RESPOSTA
Em
atendimento a sua pergunta, Senhor Manuel, temos a comentar:
—
com a exceção da fagicolose, doença presente e que afeta o ser humano e causa
distúrbios diversos, dentre estes se podem citar as cólicas, a diarreia, a flatulência e o emagrecimento. As zoonoses que
oferecem risco à saúde humana, transmitidas por consumo de pescado cru, pode-se
citar: anisaquíase, a eustrongilidíase, amcapilaríase, a fagicolose,
clonorquíase e adifilobotríase, dentre outras, estas não estão presentes no dia
a dia do brasileiro, acreditando-se que isto ocorra por ausência de pesquisas e
de diagnósticos, no atual momento.
De
acordo com pesquisas realizadas para atender a pergunta de nosso prezado
leitor, piscicultor Manuel, temos a acrescentar que as espécies de peixes da
ictiofauna da Bacia Amazônica estão vulneráveis as seguintes doenças:
i) Saprolegniose (micoses dérmicas): quase sempre
causada por fungos Saprolegnia, Achlya,
Aphanomyces e Dictyuchus, conhecidos na terminologia científica da região como “mofos
aquáticos”. Todos os exemplares quando são portadores da “micose dérmica”,
independente de espécies, idade e tamanhos apresentam alterações significativas
no comportamento natatório, atípico de suas respectivas naturezas. Quando em
estado avançado, o animal apresenta o corpo com uma coloração branca (algodão)
e, posteriormente, com a sujidade, uma coloração marrom.
ii) Branquimicose (Branchiomyces sp.,) esta doença é conhecida
como “necrose das guerras” conhecidas com o nome de “gill rot” e quase sempre
associada à baixa qualidade da água e ao pH ácido do ambiente aquático, onde o
peixe é cultivado.
iii) Ictiofiríase ocasionada
pelo agente Ichthyophonus
hoferi em ambientes com baixas
temperaturas.
iv) Fungos sendo os principais
que se manifestam na piscicultura: Rhizopus sp., Dermocystidium sp., Exophiala
sp., Hyphomycete e outros.
De acordo com a fonte
pesquisada, o que mais pode causar doenças aos peixes confinados
é o manejo inadequado e consequente retirada de escamas, acarretando contaminação
bacteriológica ao animal, corroborando com a máxima que afirma: “um dos maiores
motivos pela susceptividade dos peixes e se tornarem vulneráveis a ataques com
estes fungos explicitados é a retirada
de parte do muco protetor dos peixes.”
Após
realizado o Diagnóstico da Saúde Sanitária da piscicultura no estado de
Rondônia o Governo do Estado terá uma missão muito especial:
1. Dotar
os Serviços de ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, sob a
responsabilidade da EMATER-RO, de recursos humanos, financeiros e materiais
para prestar uma assistência técnica de qualidade para atender, a contento, as
demandas da piscicultura do Estado;
2. Promover
a realização de Concurso Público para Provimento de Cargos para contratação de
profissionais com Graduação em Engenharia de Pesca, egressos da Universidade
Federal de Rondônia – UNIR, disponíveis no mercado e sem perspectivas de
trabalho, até o presente;
3. Estruturar o Setor Pesqueiro e Aquícola de Rondônia dotando
os pontos estratégicos do Organograma Administrativo do Estado de Rondônia, com
profissionais com formação específica para implementar as ações preconizadas e
necessárias para o desenvolvimento do setor produtivo pesqueiro.
Por
que a administração do governador Confúcio Moura não tem atendido as demandas
das necessidades da aquicultura no estado de Rondônia?
Resposta: Esta pergunta poderia
ser feita diretamente ao próprio governador Confúcio Moura e, com certeza, que ele
iria responder, com todas as letras:
- “porque eu sou muito preocupado
e, ao mesmo tempo, muito teimoso, e estou sempre ouvindo os conselhos de
pessoas erradas e sem formação para tal”.
Se o governador não responder
com estas palavras, eu que vou afirmar: é porque realmente ele é muito teimoso.
Desculpe-nos, Sua Excelência.
Poderia, com certeza, responder o
governador Confúcio Moura e justificar tanta teimosia.
Para se responder esta pergunta
formulada, se pode responder com uma outra pergunta ao próprio governador Confúcio
Moura:
Se Vossa Excelência não fosse um
profissional da área de medicina (médico) e não conhecesse de perto as
necessidades da Saúde de Rondônia e um conhecedor no campo da medicina curativa
e preventiva o Estado teria atingido ao atual estágio de desenvolvimento que
hoje alcançou, com um grau de satisfação por qualidade dos serviços prestados à
população e a avaliação realizada por parte da população, com os níveis e os
números de pacientes atendidos, nas mais diversas áreas de atuação e com
atendimento para a população?
Resposta: Claro que a resposta
seria NÃO.
Quando a qualidade do
atendimento na área da saúde pública tem um atendimento 5 estrelas, a recíproca
passa a ser verdadeira com a melhoria da qualidade do atendimento para a
população.
A saúde da população tem uma
melhoria significativa e todos atingem seus objetivos:
# O poder público cumpre o seu papel, como gestor e responsável pela boa
aplicação dos recursos públicos;
# A população recebe os
benefícios, a contento, e suas necessidades serão atendidas.
Levando-se em consideração o
crescimento abrupto da produção de pescado do estado de Rondônia, passando de
12 mil toneladas de pescado, na safra 2009/2010, para 100 mil toneladas, safra
2015/2016, de acordo com projeções de produção de pescado do Governo de
Rondônia, os riscos aumentaram e se podem pontuar como fatores responsáveis, os
seguintes pontos:
# Ausências de diretrizes, no
âmbito dos setores pesqueiro e aquícola suficientes para promover a gestão da
pesca e da aquicultura, em consonância com as necessidades do Estado;
# O Governo do Estado tem a
obrigação moral em realizar a curto prazo um Diagnóstico Sanitário da
Aquicultura no estado de Rondônia para se dimensionar o atual estágio da saúde
sanitária do pescado, proveniente da piscicultura semi-intensiva e intensiva,
em parceria com a UNIR e IDARON;
# O Governo tem a obrigação em
fortalecer a cadeia produtiva do pescado no Estado, considerando a deficiência
de gestão pública e carência de recursos humanos, financeiros e materiais, no
âmbito da pesca e aquicultura, suficientes para tornar a aquicultura de
Rondônia uma atividade economicamente rentável, ambientalmente equilibrada,
ecologicamente sustentável e
sanitariamente saudável;
# Como prevenção à saúde pública, recomenda-se
abstinência do consumo de pescado cru ou mal cozido;
# Que o Governo de Rondônia viabilize Campanhas
Educativas, no âmbito da pesca e aquicultura, envolvendo produtores rurais e
piscicultores, nas áreas de meio ambiente e alimentação, através dos órgãos
como EMETER-RO, SEDAM-RO, SEAGRI-RO e IDARON, e que sejam recomendados a
utilização de produtos com eficiência sanitária comprovada, capazes de promoverem
a melhoria da qualidade da água e a redução de patógenos responsáveis pela
contaminação e doenças provenientes de fungos, vírus, parasitos e bactérias
patogênicas, no meio aquático;
# Viabilizar a implementação de
projetos e estudos, em áreas afins de
sanidade animal, no âmbito da aquicultura, incluindo diagnóstico, inspeção
sanitária, com vistas à profilaxia e
tratamentos curativos, como métodos seguros e eficazes, com o embargo da
importação de alevinos, sem inspeção sanitária, procedentes de outros estados e
de centros produtores de alevinos.
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia
de Pesca (UFC-CE); Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (Lato sensu) pela (FAO/UFRPE e MAPA); Pós-Graduação (Lato sensu)
em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira pela (UNIR/CREARO) e tem
Pós-Graduação (Stricto sensu), em nível de Mestrado, em Desenvolvimento
Regional e Meio Ambiente pela (UNIR).
Escreve semanalmente nos seguintes
Portais de Notícias:
Blogspot Espinha na Garganta.