Quando
se pretendeu escrever a Coluna ESPINHA
NA GARGANTA não se imaginava que naquele momento estaríamos dando início a redigir
os primeiros capítulos do Livro AQUICULTURA
EM RONDÔNIA: Bases para o
desenvolvimento sustentável, e, ao mesmo tempo, documentando um trabalho
incipiente, no âmbito da pesca e aquicultura na região, e, em especial, no
então Território Federal de Rondônia, tendo como cenário e palco as
adversidades de uma região insalubre, em fase de colonização, onde cada
trabalho desenvolvido se materializava como um marco histórico e um divisor de
água — do antes e do hoje.
Desde
o início dos trabalhos pioneiros e na elaboração dos primeiros projetos de
piscicultura implementados na região, com vistas ao atual estágio de
desenvolvimento desta atividade no estado de Rondônia, que a persistência e a
obstinação foram marcas registradas e constantes em todas as fases, passando,
necessariamente, pelo planejamento participativo e arrojo no cumprimento de
metas, tidos como estratégias e instrumentos complementares à determinação.
Todo
fruto gerado no ventre da necessidade deve ser alimentado no seio da seriedade.
ESPINHA NA GARGANTA deve ser
interpretada como uma necessidade do uso da palavra para combater os indefesos
usuários dos setores pesqueiro e aquícola do estado de Rondônia das garras dos
aproveitadores e inescrupulosos malfeitores, fantasiados de salvadores da
pátria.
Muitos
não conhecem as dificuldades que foram vivenciadas no dia-a-dia por todos estes
heróis anônimos, pioneiros e desbravadores que por aqui chegaram, provenientes
de todas as regiões do Brasil, com uma única certeza: que dispunham de muita
coragem e disposição para explorar à terra prometida pelo Governo Federal —
constituindo-se, portanto, naquela ocasião no primeiro e único incentivo
governamental que todos receberam, no início da colonização de Rondônia.
A
pré-disposição em trabalhar a terra para obter o sustento para a sua família
foi a principal ferramenta utilizada pela maioria dos colonos que ocuparam,
logo no início da colonização do Novo Eldorado do Brasil, o eixo da principal
estrada aberta, depois batizada de BR-364 — no então Território Federal do
Guaporé, posteriormente, transformado em Território Federal de Rondônia, e em
1982, instalado e batizado como estado de Rondônia, em memória a Mal. Cândido
Mariano Rondon —, e tendo como seus primeiros passos a construção de pequenas,
médias e grandes barragens para atender as necessidades de suas pequenas criações
de animais, com ênfase especial para o rebanho bovino e, por último, para
criação de peixes.
Estas
coleções de águas se prestaram durante muito tempo apenas para abastecer as
necessidades domésticas, utilizadas para agricultura de subsistência e para a
criação de pequenos animais domésticos e, através do incentivo do serviço de
extensão rural, através da então ACAR-RO, depois ASTER-RO e, em 1984,
transformada em EMATER-RO – Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural,
em convênio com o Governo do Estado de Rondônia, e da então SUDEPE, passaram a
ser utilizadas para as primeiras criações de peixes.
Em
1987, o governo do estado de Rondônia viabilizou a estruturação da
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE – extinta e incorporada
para criação do IBAMA, em 1989) que viabilizou a construção da Estação de
Piscicultura de Porto Velho, próximo a então Cachoeira do Teotônio, que
possibilitou a produção e distribuição de alevinos de espécies de peixes
regionais, com prioridade para a espécie tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818), ocorrendo, desta forma, de
fato, o início da piscicultura de Rondônia.
Com
o advento da construção de uma infraestrutura física para reprodução de espécies
de peixes da região – a Estação de Piscicultura de Porto Velho, com capacidade
para produção de alevinos suficiente para atender a demanda do Estado,
viabilizou-se a capacitação profissional nas áreas de engenharia de pesca e de
biologia, que naquela época se ressentiam de tecnologia para a realização de
desova artificial, em nível de laboratório e de produtor rural, e, para
equacional estas limitações tecnológicas viabilizou-se junto ao Centro Nacional
de Pesquisa e Conservação de Peixes Tropicais – CEPTA, na época sob a
responsabilidade do IBAMA, na cidade de Pirassununga – SP, como, também, junto
à Estação de Piscicultura do Rio Branco-AC, a qualificação técnica para
profissionais que estavam começando a trabalhar em Rondônia para, depois, darem
início, de fato, os primeiros trabalhos de piscicultura, em níveis de
laboratório e de produtores rurais.
Ao
longo destes capítulos, aqui apresentados neste estudo, no formato de um
verdadeiro resgate da história da piscicultura no estado de Rondônia, algumas
passagens são descritas e outras serão apresentadas em citações e narrativas,
pois a Coluna ESPINHA NA GARGANTA não
teve a preocupação e nem se planejou para se transformar em livro e, sim, se
propôs mostrar apenas para o prezado leitor e amigo, que vem tendo acesso à
mídia escrita e eletrônica da região, a se inteirarem sobre os trabalhos que
vinham sendo desenvolvidos, no âmbito da pesca e da aquicultura no estado de
Rondônia e região.
O
paradoxo foi necessário e gratificante e, ao mesmo tempo, indigesto, ao ter que
encarnar e desempenhar o papel de um Samurai para exercer uma profissão tão
digna e nobre, indispensável na produção de alimento, com geração de emprego e
renda, inclusão social e segurança alimentar, e que, no dia-a-dia, tem se
tornada emblemática e exercida ilegalmente por um ousado contingente de
profissionais de outras áreas, mesmo sem qualificação específica, desprovidos
de escrúpulos e com ausência de resultados significantes e necessários.
De imediato se buscou a elevação do
padrão de ética profissional de todos que atuam nestes setores e se dar um
basta em situações suspeitas, comprovadas e abusivas de corrupção ativa e
passiva, minimizar os desperdícios de recursos públicos, para se evitarem a
improbidade administrativa, maximizar o aproveitamento racional das coleções de
águas disponíveis no Brasil para criação de organismos aquáticos para
promoverem o aumento da produção e da produtividade — através da geração e do
aperfeiçoamento de tecnologias pesqueira, aquícola e gerencial.
Quando
se definiu escrever ESPINHA NA GARGANTA
se buscou atender a uma imposição da realidade brasileira, no âmbito da pesca e
aquicultura, a fim de se contribuir com a melhoria da qualidade da produção de
pescado, desde a reprodução, recria e engorda — passando por todas as fases,
desde a higienização ao mercado consumidor.
Ao
se fazerem um resgate histórico, com a inversão na equação, hoje, utilizada
pela equipe econômica do Governo, o setor pesqueiro nacional por si só pode
promover uma mudança brusca na balança comercial e, assim, passar de maior
importador de pescado da América Latina para maior pólo produtor e exportador
de pescado das Américas, de acordo com as potencialidades dos recursos naturais
e de coleções de águas represadas improdutivas ou com baixas produtividades de
pescado e passar a ocupar o merecido lugar de destaque, dentre os países
maiores produtores mundiais de pescado.
Na
ótica lógica da ética, justifica-se a necessidade da ESPINHA NA GARGANTA, no âmbito do setor pesqueiro e aquícola, para
se fazer um desagravo diante da insatisfação em todos os quadrantes deste
painel de uma profissão nova, com o exercício milenar, até então desconhecida por
muitos e exercida ilegalmente por vários leigos, curiosos, aficionados e
optantes pelo exercício ilegal da profissão, atribuição exclusiva do engenheiro
de pesca e sem fiscalização do exercício profissional.
Tudo que tem forma, tom e cheiro de
críticas se tornam ácidos, cortantes e não cicatrizantes, mesmo em doses
homeopáticas, ao contrário das chagas que são abertas no peito de todos que se
omitem e desperdiçam oportunidades em colocar atrás das grades os verdadeiros corruptos, em se cortar o mal
pela raiz e se evitar que as ervas daninhas se enraízem, se proliferem e passem
a brotar e a semear em torceras, em áreas contíguas.
Todos que necessitam atuar no Rastro
do Samurai têm que reafirmar o cumprimento do código de honra, denominado
“bushidô” como caminho do guerreiro, de cabeça erguida, sem ter medo e sem se
acovardar, diante de quaisquer circunstâncias e buscar, custe o que custar, a
revelação da verdade, a concepção da prática do bem a fim de promover a
elevação do padrão social — através da promoção econômica da população — lutar
contra a proliferação do mal, combater de frente a corrupção e a execução do
desserviço público, nos mais diversos níveis.
Neste
sentido, venho aqui através de ESPINHA
NA GARGANTA agradecer de público a iniciativa e a prova de amizade do
colega engenheiro Nélio Alencar, explicitado através do seguinte texto, que
relata na página inicial do mencionado livro AQUICULTURA EM RONDÔNIA, no prelo e fase de publicação, com
lançamento previsto para o mês de setembro próximo.
Quero
através deste espaço agradecer a generosidade e a amizade do presidente do
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Rondônia, engenheiro
Nélio Alzenir Afonso Alencar em prefaciar este trabalho, transformando-o em
livro, sob o título de AQUICULTURA EM
RONDÔNIA: Bases para o Desenvolvimento Sustentável e, ao mesmo tempo,
materializar um sonho de uma verdadeira saga na implementação de ideias em
realidade, através deste documentário.
“Agradecer” pela
viabilização da publicação deste documentário, no formato de livro AQUICULTURA
EM RONDÔNIA seria um termo um tanto quanto vago, portanto, vou tentar
transformar este vocábulo por um “muito obrigado”, acompanhado de um grande
abraço e lhe desejar que Deus retribua este gesto e suas palavras em bênçãos
celestiais exponenciais.
PREFÁCIO
NÉLIO ALZENIR AFONSO ALENCAR
Presidente do CREA-RO
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As
forças da Engenharia vêm sendo utilizadas como principais ferramentas de
desenvolvimento sustentável nos países desenvolvidos e emergentes e, em fase de
implementação, em outros, em vias de desenvolvimento, como uma tábua de
salvação para produção de alimento a fim de atender, a contento, a demanda
crescente de alimento para suprir as necessidades básicas de nove bilhões de
seres humanos.
Este
estudo elaborado por Antônio de Almeida Sobrinho, sob o título AQUICULTURA EM RONDÔNIA: Bases para o desenvolvimento sustentável,
traz à lume um resgate de um trabalho histórico, no formato de documentário, nos
moldes de narrativas, no âmbito da pesca e da aquicultura, com registros de
fragmentos e ‘flashes’ dos melhores e piores momentos da saga da colonização do
estado de Rondônia, na ótica da implantação da aquicultura — quando milhares de
irmãos brasileiros, provenientes dos quatro cantos do Brasil, que aqui
chegaram, com muita esperança e disposição para construírem dias melhores para
as suas famílias — quando nossos irmãos e pioneiros destemidos heróis anônimos
foram atraídos para colonizar o novo estado de Rondônia.
AQUICULTURA EM RONDÔNIA faz
um resgate de um minucioso trabalho desenvolvido, ao longo de mais de três
décadas de atuação e de persistência, em Rondônia e região, e se constitui como
de grande importância para se desvendar os princípios e os mistérios da aquicultura
em Rondônia, uma atividade com características mística e emblemática e se
conhecer de perto o papel principal da atividade, dificuldades, resultados e os
destaques da persistência, da obstinação e da operacionalização da atividade
aquícola nesta região.
O
autor da obra incorpora o papel de um verdadeiro Samurai — quando assumiu com
dedicação e obstinação o objetivo de implementar e consolidar a piscicultura no
estado de Rondônia, com unhas e dentes, e não se esquece em reconhecer que todo
este trabalho só tem sido possível com a participação de entidades
governamentais e não governamentais, com especial destaque a ação das
prefeituras municipais, com o apoio do Governo do Estado tendo os serviços de
ATER-Assistência Técnica e Extensão Rural, através da EMATER-RO, que atua como
uma alavanca propulsora de difusão de tecnologia e de assistência técnica, quando
todos os elos da corrente governamental têm um papel preponderante, com seus
respectivos servidores e obstinados profissionais
— passando por todos os níveis, e tendo como responsável direto e beneficiário o
principal ator e objeto de todo este processo: o produtor rural, o pequeno e
médio pecuarista, o médio e grande empresário que acreditaram e investiram maciçamente na piscicultura.
Segundo
o autor, a piscicultura em Rondônia teve início nos idos da década de 80,
quando o Governo de Rondônia viabilizou a estruturação da Agência da
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca – SUDEPE (extinta), que em
parceria com o Governo do Estado e EMATER-RO viabilizou a implementação da
Estação de Piscicultura de Porto Velho, com produção de alevinos para atender a
demanda da piscicultura, em nível estadual, constituindo-se, assim, como o
marco zero, balizador e indutor para a concepção, formação e nascimento da
piscicultura no estado de Rondônia, em nível de propriedade rural, em escala
comercial e econômica.
Com
a publicação do trabalho: AQUICULTURA EM
RONDÔNIA o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de
Rondônia – CREA-RO está cumprindo o seu papel de difundir tecnologia e qualificação
profissionalizante e, ao mesmo tempo, catalisar fluidos positivos e, assim, fortalecer
os elos da corrente da engenharia, implicando na melhoria e na consolidação de
benefícios aos profissionais e a população como um todo, com garantia de produção de alimento, com
geração de emprego e renda, segurança alimentar, inclusão social, com
desenvolvimento sustentável.
Todo
esforço centralizado que contribua com ações voltadas para se promover o
desenvolvimento e a consolidação da piscicultura no estado de Rondônia é
interpretado como gestão de cidadania e ação de políticas públicas, com retorno
garantido para se promover o desenvolvimento regional sustentável e a produção
de alimento para atender as necessidades alimentares da população.
A
engenharia desenvolve ações complementares conjuntas com a sociedade que
contribuem para a produção de pescado, através de entidades governamentais e
não governamentais, que possibilitam o incremento na produção e colheita em massa
de alimento para atender e saciar a fome da população e, assim, construir as
pilastras de sustentação de um mundo com justiça social, mais justo, farto,
autossustentável e com equidade socioeconômica.
Nélio Alzenir Afonso Alencar
Presidente do CREA-RO